Estava terminando o terceiro breque quando viu Elizabeth estacionar ao lado do caminhão. Olhou por detrás do ombro quando ela saiu do carro, percebendo que ela tinha ficado fora por muito tempo.
— Como
vai indo? — perguntou Elizabeth.
— Estou
quase acabando.
—
Sério? — ela parecia surpresa.
— São
só as pastilhas. Não é nada de mais.
— Tenho
certeza de que um cirurgião teria dito a mesma coisa. É só um apêndice.
— Quer
aprender? — perguntou Thibault, olhando para a silhueta dela tendo o céu como
pano de fundo.
—
Quanto tempo leva?
— Não
muito. Dez minutos?
—
Sério? Certo. Deixe-me só levar as compras para dentro.
—
Precisa de ajuda?
— Não,
são só duas sacolas.
Colocou
a terceira roda, apertando os parafusos antes de pegar a última.
Soltou
os parafusos ao mesmo tempo em que Elizabeth chegou ao seu lado.
Quando
ela se agachou perto dele, pôde sentir o aroma de loção de coco que ele devia
ter passado de manhã cedo.
—
Primeiro você tira a roda... — começou, e explicou todo o processo
didaticamente, certifícando-se de que ela havia entendido cada passo. Quando
ele abaixou o macaco e começou a recolher as ferramentas, ela balançou a
cabeça.
— Isso
foi quase fácil demais. Acho que até eu poderia ter feito.
—
Provavelmente.
—
Então, por que cobram tão caro?
— Não
sei.
— Estou
na profissão errada — disse, levantando e prendendo o cabelo em um rabo de
cavalo. — Mas, obrigada por ter feito isso. Já fazia tempo que queria consertar
esse breque.
— Sem
problemas.
— Está
com fome? Comprei peru para fazer sanduíches. E um pouco de picles.
—
Parece delicioso.
Almoçaram
na varanda dos fundos, com vista para o jardim. Elizabeth ainda parecia
dispersa, mas conversaram um pouco sobre como tinha sido crescer em uma cidade
pequena, onde todo mundo sabe tudo sobre todo mundo.
Algumas
das histórias eram engraçadas, mas Thibault admitiu que preferia uma existência
mais anônima.
— Por
que será que não estou surpresa?
Depois,
Thibault voltou a trabalhar enquanto Elizabeth passou a tarde limpando a casa.
Ao contrário do seu avô, Thibault conseguiu abrir a janela do escritório que
havia sido pintada estando fechada, embora tenha sido uma tarefa mais difícil
do que consertar o breque do caminhão. Nem ficou fácil de abrir ou fechá-la
depois, por mais que ele tivesse lixado para amaciá-la. Depois, pintou os
batentes.
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